Por Belisa Figueiró
A segunda mesa do Reach abordou uma nova perspectiva na busca pela audiência, trazendo diretoras de fundos de fomento e instituições de formação em cinema e audiovisual para refletir sobre como os projetos podem começar a incluir a audiência desde o estágio mais inicial.
Satu Elo destacou que a missão do EAVE – European Audiovisual Entrepeneurs é fortalecer a indústria do cinema por meio dos produtores, fazendo com que eles pensem como empreendedores e players ativos capazes de mudar o cinema por meio dos seus filmes. Nesse sentido, a instituição seleciona produtores, e não exatamente projetos. Os projetos são apenas ferramentas. O networking que é gerado por meio do EAVE é o que vai refletir nesse entrelaçamento de novas ideias.
A formação também foi destacada por Satu para desenvolver um “pensamento fora da caixa, buscando novas formas de financiamento e distribuição”. Ao repensar nessa lógica, também é possível reconstruir a estrutura do próprio roteiro e, por consequência, da audiência.
Fay Breeman, gestora do fundo holandês Hubert Bals, ligado ao Festival de Roterdã, falou sobre a formação de público que o festival tem como responsabilidade, para além do apoio aos filmes. Anualmente, o fundo chega a receber cerca de 800 submissões, mas é capaz de atender apenas 20. E como são projetos que estão em etapas de desenvolvimento, fica complicado prever ou cobrar desses produtores como a distribuição e a audiência serão contemplados, na sua opinião. Alguns filmes chegam a ficar prontos somente sete anos depois. Portanto, o foco da análise recai sobre a história do filme e como a produção pretende captar novos recursos.
Elena Vilardel, secretária técnica e executiva do Programa Ibermedia, contou que no início do projeto, em 1998, a audiência não era exatamente uma questão fundamental na seleção dos projetos. Mas ela acredita que o importante é reeducar o olhar e isso passa pela educação, com aulas de cinema desde as escolas de ensino básico. “O cinema ibero-americano tem qualidade e quantidade. Nosso catálogo é capaz de atingir todos os públicos”, disse ela.
Na ótica de Elena, o sucesso dos filmes ibero-americanos está principalmente no fato de que eles estão circulando pelos festivais classe A. Ter um distribuidor local desde o começo dos projetos não é uma realidade possível de ser estabelecida por todos os países latino-americanos, visto que o mercado é muito diferente em cada território, na sua percepção.
Assista ao vídeo completo da mesa aqui: https://reach.projetoparadiso.org.br/videos