Por Belisa Figueiró
A integração do público desde os estágios iniciais dos projetos de cinema e audiovisual foi o grande tema dos debates que ocorreram no primeiro dia do Reach, Encontro internacional sobre audiências no mercado audiovisual.
As discussões começaram com a mesa “A evolução do design de audiência”, com Marcelo Quesada e Greta Nordio refletindo sobre as estratégias para atrair um público cujos hábitos de consumo estão em plena transformação, em meio a uma oferta de novos conteúdos só cresce.
Para Quesada “a maioria dos filmes não serão vistos e não serão lucrativos” e é por conta disso que o design de audiência acaba sendo essencial. Nesse sentido, Greta explicou que o design vai muito além das estratégias de marketing tradicionais já realizadas pelos distribuidores. É preciso saber para quem estamos fazendo os nossos filmes e o que esse público quer assistir. Ao mesmo tempo em que o público está se dividindo entre várias plataformas, não é impossível alcançar públicos globais. Existem, portanto, novas oportunidades a serem exploradas.
Na mesa “Audiência desde o início”, diretoras de fundos de fomento e instituições de formação em cinema e audiovisual falaram sobre como os projetos podem começar a incluir a audiência desde o desenvolvimento.
A formação dos produtores foi mencionada por Satu Elo para desenvolver um “pensamento fora da caixa, buscando novas formas de financiamento e distribuição”. Ao repensar nessa lógica, também é possível reconstruir a estrutura do próprio roteiro e, por consequência, da audiência, na sua opinião.
Fay Breeman, gestora do fundo holandês Hubert Bals, ligado ao Festival de Roterdã, falou sobre a formação de público que o festival tem como responsabilidade, para além do apoio aos filmes. Elena Vilardel, secretária técnica e executiva do Programa Ibermedia, contou que no início do projeto, em 1998, a audiência não era exatamente uma questão fundamental na seleção dos projetos. Mas ela acredita que o importante é reeducar o olhar e isso passa pela educação, com aulas de cinema desde as escolas de ensino básico.
Por fim, a última mesa foi dedicada ao My French Film Festival, apresentado por Quentin Deleau, diretor de distribuição do festival, que também já virou uma plataforma de exibição do cinema francês pelo mundo. Nesse painel, Deleau explicou que o modelo de negócio varia entre os países, com cobrança pela exibição apenas naqueles em que o público já está mais acostumado com o TVOD. Em toda a América Latina, o festival é gratuito.
Ele também destacou que, além de ampliar o público do cinema francês por meio da plataforma, o objetivo do My French Film Festival é buscar uma maior reputação desses filmes, gerar receitas para os agentes de vendas e produtores, gerar novos negócios, entender melhor a audiência e, consequentemente, impulsionar o soft power francês por meio do cinema.