O Reach: Audiência, Conteúdo e Tecnologia, terminou na quarta-feira (09.10), com uma conversa sobre Investimento Privado e Financiamento por meio de Plataformas de Streaming, comandada por Sébastien Janin, partner e director of acquisitions and series production da Media Musketeers.
Janin, ex-Apple, responsável pela expansão e implantação internacional do iTunes Filmes, começou o painel destacando “eu venho de um mundo de dados”. Experiência que o levou a criar o fundo de investimentos e consultorias para a produção de filmes e séries a serem distribuídos em streaming ao redor do mundo, com presença na França, Inglaterra e Holanda.
“É algo novo”, afirmou Janin sobre o fundo, que surgiu para viabilizar a produção de conteúdos independentes para plataformas transacionais. “Estamos focando em talentos, sempre procurei talentos de nicho e sempre achei que tinha lugar para todos”, contou. “Entendi que tínhamos que buscar financiamento e permitir que os artistas se expressem”.
Durante a conversa, colocou que o principal desafio dos produtores é entender a competitividade e pontuou sobre a necessidade de se ajustar e encontrar oportunidades de financiamento em um contexto onde é necessário escutar o mercado para compreender as mudanças. Evidenciando as transformações, Janin, que trabalhou na América Latina, destacou que há 7 anos o digital não tinha se firmado, em termos de conteúdo. E traçou o comportamento do consumidor que, segundo ele, frequenta sempre as mesmas páginas de web, apps e serviços.
Comparou a realidade do cinema e TV na atualidade, muito diferentes, segundo Janin, que descreve a TV como sendo muito local, detentora, “ela é dona da série”, pontua. E, neste cenário coloca que “ser dono do IP (Propriedade Intelectual) é a chave”. Para ele, os estúdios de TV estarem ligados à produção não é ruim, mas os produtores locais não tem forças para competir.
O diretor de aquisições e produção de séries da Media Musketeers, através de seu background em empresas de tecnologia e de extensa análise de dados, destacou que a Netflix trabalha com documentários porque é lucrativo, não porque é nicho. E afirmou “tivemos que convencer o setor privado a investir nas nossas histórias”, pontuando que a lógica criada vai trazer lucro para o talento.
Hoje, o fundo de financiamento tem previstas 8 séries, possui o direito de dois filmes do Stanley Kubrick e “vamos produzir coisas mais independentes também”, afirma Janin. Financiar projetos inteiros ou não. “Perfil muito alto ou muito nicho”, afirma o diretor, produtos estes que, segundo ele, estão funcionando muito bem.